O Panorama do Comércio dos três primeiros trimestres do ano, organizado pela Federação Varejista do RS, aponta que o comércio gaúcho experimenta, em 2024, o seu melhor desempenho em cinco anos, quando consideradas as variações do Comércio Varejista (7,50%) e do Varejo Ampliado (7,90%) em relação ao mesmo período do ano passado.
Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa realizada na sede da Avel Investimentos, em Porto Alegre, na manhã do dia 5 de dezembro. O presidente da CDL Flores da Cunha e diretor da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Jásser Panizzon, participou do evento que elencou os dados de 2024 e indicou perspectivas para 2025.
A projeção da entidade é de que a reta final do ano apresente índices ainda positivos, mas estáveis, com pequena redução no ritmo do crescimento, a exemplo do que ocorreu nos anos anteriores. A Federação Varejista estima que o Varejo Ampliado deve ter variação de 6% no quarto trimestre, levando o acumulado do ano para 7,4% acima do registrado no ano passado. A perspectiva do levantamento é de que 2025 também será um ano positivo para o consumo no comércio no Rio Grande do Sul. “Considerando que precisamos observar, também, os movimentos da conjuntura político-econômica em âmbito global e nacional, que podem impactar o cenário gaúcho, os indicadores apontam que teremos um próximo ano de leve crescimento e estabilidade nos números do varejo”, diz o presidente Ivonei Pioner.
Reconstrução do Estado reflete nos segmentos do comércio
Quando analisados os segmentos do comércio, o acompanhamento do Panorama do Comércio mensal aponta a consolidação, desde os primeiros meses de 2024, do consumo de produtos básicos às famílias gaúchas. Enquanto em 2023 o setor de hipermercados e supermercados apresentou alta de 2,6%, neste ano, chega a 12,5% após nove meses. Também em alta desde os primeiros levantamentos do ano, o segmento de atacado, especializado em produtos sintéticos, bebidas e fumo apresenta alta de 8,4%, enquanto no ano passado tinha redução de -12,5%.
A partir do movimento de reconstrução do Rio Grande do Sul após as cheias, outros segmentos passaram a crescer com consistência. São os casos dos equipamentos e materiais de escritório, que têm a maior variação positiva do ano, de 19% (em 2023, teve retração de -5,5%), dos móveis e eletrodomésticos, com variação positiva de 10,4% (havia reduzido -3,1% em 2023) e dos materiais de construção, com alta de 8,6% (em 2023, havia reduzido -0,1%).
Segmentos como tecidos, vestuário e calçados também avançam no consumo dos gaúchos, com variação de 4% em relação aos três primeiros trimestres do ano passado, também contrariando a redução de-8,1% de 2023. Em relação aos artigos farmacêuticos, o segmento manteve-se em alta no consumo, com variação de 11,4% em relação ao ano passado, quando também havia crescido 5,8%.
Por outro lado, o segmento de combustíveis e lubrificantes enfrenta retração de -3% nas vendas entre janeiro e setembro. No mesmo período do ano passado, havia alta de 5,6%. Já segmentos como livros, jornais, revistas e papelarias, com redução de -10,3% e de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com -0,2%, mantêm a tendência de queda já observada em 2023 no Estado.
Mais emprego e renda
Entre os fatores que apontam para um 2025 positivo para o comércio no Rio Grande do Sul, estão a redução do desemprego, com taxa 5,1% de desocupação no terceiro trimestre do ano, a mais baixa desde o final de 2022. No mesmo ritmo, a renda média real dos gaúchos atingiu, nos dois últimos trimestres, os melhores valores em cinco anos. Foi aferida em R$ 3.599 no segundo trimestre de 2024 e de R$ 3.542 no terceiro.
Da mesma forma, a inadimplência, depois de uma alta em 2023, reduziu e chegou, em junho deste ano, à queda de 14,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Este índice é considerado fundamental pelo varejo, por recolocar novos consumidores no mercado e reduzir o saldo da dívida do Estado. O número de dívidas entre cada gaúcho apresentou redução, no comparativo com o ano passado, em sete dos 10 meses considerados, até outubro. Entre os endividados, as dívidas no comércio representam 10,32%. O maior credor é o setor dos bancos, em 61,39% dos casos. E há um alerta: entre os consumidores gaúchos considerados endividados, 85% são reincidentes.